nuno
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Post by nuno on Jun 12, 2009 18:35:02 GMT
Qual é o método mais seguro para tornar inerte as munições? Após consulta na Web, os Espanhois particularmente, utilizam óleos penetrantes como o Ballistol ou o WD 40, e por vezes vinagre.Contudo há quem prefira furar o invólucro com um berbequim manual, retirar a pólvora e inertizar o fulminante com o dito óleo. Coloco a questão aqui aos frequentadores deste fórum acerca do melhor método, sem esquecer a segurança, (visto que furar com uma broca poderá trazer danos maiores em certo tipo de munições) para desactivar uma munição. Antecipadamente agradecido. Nuno
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Post by vitort on Jun 13, 2009 16:56:06 GMT
Não obstante o método mais inócuo, sob o ponto de vista da preservação do espécime (e do seu valor pecuniário a nível de coleccionismo...) seja a "inertização" química, ou seja, por meio de óleos penetrantes que actuam sobre o composto químico da escorva e/ou sobre a carga propulsora, tornando assim a munição incapaz de ser disparada e fazendo com que, sob o ponto de vista legal e funcional, a munição deixe de ser considerada "munição de arma de fogo", eu optei por furar os meus quase todos os meus cartuchos (não obsoletos), pois a imersão em químicos é um método extremamente demorado, principalmente quando se tratam de munições modernas fabricadas segundos altos padrões de qualidade e, mais ainda, quando têm certificação NATO, pois para os fabricantes conseguirem tal certificado têm que garantir um excelente grau de estanquidade. Após ter furado centenas de munições, de vários tipos e calibres e com invólucros em distintos materiais (incluindo aço) , considero que não há perigo desde que sejam respeitadas algumas regras. Desde logo eu em vez de usar um normal berbequim, uso um engenho de furar (comprado propositadamente para o efeito antes da entrada em vigor da Lei 5/2006, para tornar inertes a munições de classe A que tinha na colecção). Depois escolho a rotação mínima e uso apenas brocas da melhor qualidade (um conjunto de brocas é quase mais caro do que o próprio engenho de furar...), no caso das munições mais pequenas, uso brocas de 2,5 mm (deram mesmo para furar, sem estragar, as munições de .22 LR tracejantes que eu possuía) e no caso de munições de grandes dimensões (só colecciono munições de armas ligeiras) uso uma broca de 4 mm. Só uso as brocas superiores a 3mm no caso de se tratarem de munições com carga propulsora em "tubos" muito grandes, pois se o furo for pequeno é muito demorada a extracção da "pólvora", pois o furo está constantemente a entupir. Faço o furo em, pelo menos, duas etapas; primeiro aponto a broca e faço uma pequena marca, depois termino a furação. Quando são furos em munições maiores (cal .50, por exemplo), primeiro furo com a broca mais pequena e depois alargo o furo com uma broca maior. Uso sempre luvas de trabalho, óculos de protecção e seguro as munições com o auxílio de um alicate (devidamente protegido para não as danificar), sendo que estas são pousadas num berço de borracha enquanto são furadas. Claro está que faço isto num local seguro e mal as furo retiro as cargas propulsoras com o auxílio de um compressor de de ar comprimido, o que faz com que o interior do cartucho fique absolutamente vazio.
Note-se que neste ponto a munição deixou de ser, sob todos os aspectos, uma munição de arma de fogo; nunca mais poderá ser usada como tal e apenas terá valor como objecto de colecção. Claro está que este processo reduz de forma substancial o valor do espécime, pois, para além do inestético furo, perdem-se elementos importantes para o estudo da munição (deixa de se saber qual a carga propulsora que continha). Apesar de ser danoso para o espécime, nem sempre este método é de desprezar. Nalguns casos (principalmente nas munições fabricadas pelos alemães durante a II Guerra Mundial) os cartuchos são em aço (ou ferro devido à escassez de matéria prima) e isso faz com que comecem a ser corroídos por oxidação a partir do seu interior. Já tive algumas munições muito raras completamente danificadas por causa disso. Nestes casos, tanto quanto sei, a única forma de preservar os espécimes será furar o cartucho, extrair toda a carga propulsora e depois submergir tudo em óleo. Para terminar devo salientar que as munições obsoletas (em razão da antiguidade) são inertes por natureza, pois tanto as cargas propulsoras como as escorvas estão completamente deterioradas.
Existe ainda um outro método, que não deixa qualquer furo; trata-se de desmontar a munição extraindo a bala com um martelo de inércia. Muito embora este método não seja de desprezar no caso das munições mais modernas e de qualidade standard, é quase impossível de aplicar em munições antigas (pois muitas vezes a bala está quase "colada" ao cartucho por oxidação) e também é extremamente difícil de usar em munições de qualidade alta, como são as que possuem certificação NATO, pois as balas são montadas de forma a criarem um cartucho tão estanque quanto o possível. Para garantir essa estanquidade, nalguns casos, a bala é selada com o auxílio de um vedante que, depois de seco, funciona como uma cola fortíssima e dificulta de sobremaneira a deslocação da bala por inércia, pelo que, para sair com o auxílio do referido "martelo de inércia" tem que se estar a martelar durante imenso tempo. Espero ter ajudado.
Vitor Teixeira
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nuno
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Post by nuno on Jun 14, 2009 15:06:49 GMT
Obrigado Vítor pelo precioso esclarecimento..... cumprimentos
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