nuno
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Post by nuno on Oct 7, 2008 14:03:48 GMT
Boas companheiros. Coloquei como tema de tópico "corre-se risco? ", pelo seguinte: Corre-se risco no que concerne à explosão involuntária de munições (com algumas décadas), como muitos possuimos em colecções, munições datadas de 1880...., 1890...., 1900...e seguintes? Se corremos esse risco, qual será a melhor maneira de o tornar nulo? Alteramos as características originais da peça e inutilizamos o fulminante? Retiramos a pólvora? Obrigado e cumprimentos a todos. Nuno Castro
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Post by pebble on Oct 19, 2008 21:48:23 GMT
No meu caso pessoal, simplesmente lhe extraio a polvora. Basta para isso retirares o projectil, com cuidado, para não danificares o involucro. Agora em outros objectos, só especificando a sua natureza.
Um Abraço.
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Post by vitort on Nov 7, 2008 16:37:24 GMT
A questão do perigo associado ao coleccionismo de munições, ou ao manuseamento de munições em geral, espelha bem um dos muitos mitos que existem no campo das armas e munições. Na realidade é substancialmente mais perigoso coleccionar carteiras de fósforos (leia-se de "amorfos") do que coleccionar munições. Contrariamente ao que se possa crer, as munições (não estou a falar de munições de artilharia...) são perfeitamente seguras quanto ao manuseio e, mesmo que sejam lançadas numa fogueira, pouco mais lhes acontece do que a detonação da escorva com posterior projecção e queima da pólvora. Aliás, na maior parte dos casos, esta pólvora nem chega a deflagrar, mas apenas arde de forma irregular. Como facilmente se compreende, mesmo numa fogueira, a munição não irá disparar a sua bala, pois, mesmo que a "pólvora" deflagre em vez de simplesmente arder, não irá ser gerada qualquer pressão após a bala abandonar o cartucho e, nesse instante, ainda nem sequer toda a pólvora terá sido deflagrada, resultado, a bala é apenas cuspida para fora do cartucho. E o "estouro" que se ouve, corresponde apenas à detonação da cápsula fulminante, não à deflagração da carga propulsora, e menos ainda ao disparo do que quer que seja. Já por várias vezes fiz experiências deste tipo, tal como já experimentei queimar "pólvoras" de vários tipos depois de as ter retirado das munições. Somente podem existir problemas de perigosidade nalguns casos particulares, relativamente a alguns tipos de balas, mas não necessariamente pela antiguidade das munições, pois se são realmente antigas estarão inevitavelmente carregados com pólvora negra (nitratada ou cloratada) e essa mistura dificilmente estará em condições de deflagrar dadas as suas características higroscópicas. Aliás, essa é a causa da destruição de alguns exemplares antigos, por corrosão das paredes internas dos cartuchos, motivada pela acção dos componentes da pólvora negra associados às moléculas de água que entretanto foram agregando. Assim, o perigo poderá apenas existir no caso de balas incendiárias ou de tipos mistos com efeito incendiário e isso no caso da cápsula que isola a carga de fósforo branco ser corroída pela antiguidade ou deficiente acondicionamento. Nesse caso, o que poderá acontecer será a bala incendiar-se, porventura até de forma violenta. Note-se que este é um caso extremo e só acontecerá se se reunirem uma série de condicionantes e (falo por experiência própria) mesmo no caso de munições muito antigas com balas contendo fósforo branco cuja cápsula tenha sido violada por acção do tempo (leia-se corrosão) o que acontece é que o fósforo vai oxidando muito lentamente libertando vapores e um cheiro característico, mas reage lentamente em vez de incendiar. Recorde-se que os projécteis incendiários são accionados pelo impacto resultante do seu disparo e não da mera exposição do seu conteúdo ao ar. Poderá também existir algum perigo relativamente a munições com balas explosivas se forem de "grandes calibres", nomeadamente munições muito antigas fabricadas para caça grossa africana no final do século XIX, mas o mesmo perigo já não existirá nas munições com bala explosiva fabricadas actualmente, pois as balas têm sistemas que só se activam por inércia (devido à reacção ao disparo ou por impacto). Enfim, como se compreende, nestes casos estamos a falar de munições de calibres iguais ou superiores a .50" e a munições especiais para usos essencialmente militares. Retomando ao caso das normais munições, reitero que não será necessário estar a retirar-lhes a mistura propulsora, seja ela verdadeira pólvora negra, ou "pólvora" química. Sei que esta afirmação pode parecer irresponsável, mas recordo que estou a referir-me apenas às munições habitualmente destinadas a "armas ligeiras". Claro está que se estiverem em causa munições de artilharia a situação será bem distinta. Contudo, numa outra perspectiva, poderá justificar-se a "inertização" das munições. Estou a falar sob o ponto de vista legal, pois se estivermos perante um exemplar que não pode ser disparado, nomeadamente por já lhe ter sido retirada a pólvora, não estaremos perante o que o legislador define legalmente como "munição de arma de fogo" e, assim sendo, a posse de tal objecto não estará sujeita a quaisquer restrições. Ora o melhor método que conheço para atingir esse fim é o de furar, com um engenho de furar e brocas de excepcional qualidade, os cartuchos e extrair assim a sua carga propulsora. Já fiz isso em centenas de munições de vários tipos, marcas e calibres e nunca tive qualquer problema. Aliás, o método é o mais usado pelos coleccionadores que vivem em países onde não é permitido coleccionar munições de determinados tipos ou calibres e, apesar do exemplar ficar com um inestético furo, nada mais é alterado, nomeadamente as dimensões ou morfologia do conjunto. Já o mesmo não acontecerá se a munição for aberta e retirada a bala. É que quando se volta a colocar a bala no lugar já esta não fica "assente" da mesma forma. Por outro lado, a retirada das balas com um martelo de inércia é impossível em certos casos e extremamente difícil noutros. A alternativa seria arrancar a bala com um alicate ou aparelho semelhante, mas isso deixa marcas bem notórias, tanto na bala, como na boca do cartucho. Espero ter ajudado, Vitor Teixeira
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nuno
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Post by nuno on Nov 8, 2008 16:44:01 GMT
Ajudou e de que maneira.Obrigado Vitor pelo excepcional esclarecimento, como sempre. Com os melhores cumprimentos. Nuno C.
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